quinta-feira, 14 de maio de 2015

No âmbito da comemoração do Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor...Professora Inês Santos

“O livro é um amigo, por isso trata-o bem”, esta é uma das frases que preencheu a minha infância, algo que o meu pai constantemente me dizia, Daí, eu não ter entendido a palmada que apanhei, quando um dia ao chegar da missa, o meu pai deu de caras com as lombadas dos seus preciosos livros todas escritas! Afinal, se um livro era um amigo, havia que brincar com ele; eu assim o fiz e convenci também o meu irmão a fazê-lo. Na verdade, eu sempre pensei que estava apenas a acrescentar mais histórias às que me estavam  vedadas, por ainda não saber ler. Devia ter por volta de três anos e os livros eram para mim um mistério encantador do qual só os adultos tinham a chave. De lá saíam conversas entre animais, feitos grandiosos de heróis antigos, magias e sítios fantásticos…tanta coisa. Foi então que aprendi também que a nossa língua vem do latim e do grego e tive o prazer e o privilégio de ouvir da boca do meu pai, pedaços da “Odisseia” de Homero ditos no original, ou fábulas de Esopo na língua de outros tempos.
A minha mãe diz que eu aprendi a ler pelas legendas da televisão; se ela diz é porque deve ser verdade. Na realidade, não me lembro de ver televisão sem ler as legendas, sim, porque naquele tempo não havia dobragens! Mas aquele que eu considero ser a minha verdadeira entrada no mundo da leitura, foi o momento em que, tendo entrado há pouco tempo para a escola primária,  descobri um livro dos cinco, “Os cinco no farol”, guardado no quarto dos meus pais para oferecer a um amigo que ía fazer anos  daí a pouco tempo. Peguei nele secreta e religiosamente e comecei a ler. Não consegui parar. Estava incontrolavelmente viciada! Claro que para o meu amigo teve de ser comprada outra prenda e, para mim, mais livros daquela coleção.
Todas as minhas semanadas serviam para comprar livros e eu vivia aventuras e conhecia lugares extraordinários a toda a hora. Os livros levaram-me também a apaixonar-me pelas pessoas, porque me mostraram a variedade de personalidades, de modos de pensar e sentir que povoam o mundo. Assim, desenvolvi uma enorme tolerância pela diferença e uma certa facilidade em comunicar com os outros que, de outra forma, talvez não possuísse.  De facto, os livros têm sido um amigo, um amigo que me desvenda as portas de mundos reais e imaginários e me deixa criar histórias conjuntamente com o seu autor. Afinal, as histórias são escritas pelo seu autor e recriadas por cada um de nós, os seus leitores.
Ainda hoje, embora ande sempre a correr, eu tenho algum tempo para ler,  cada dia um bocadinho; é uma espécie de alimento essencial, como um belo de um pequeno almoço! Acredito que há, para cada um de nós, um livro que nos despertará o gosto pela leitura. É claro que para o encontrar poderemos ter que percorrer um longo caminho ho.  Não podemos desistir, porque como dizia o meu pai “ Um livro é um amigo”.

Prof.ª Inês Santos

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